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As vindimas

 

Em entrando o mês de Setembro, toda a gente do Pico descia às adegas para fazer as vindimas. Era uma época alegre e festiva. Colhiam-se as uvas, quando amadurecidas. Eram espremidas ou “moídas” nos lagares, e o vinho recolhido nos balseiros para adquirir cor, se tinto, e aí abater a fervura, depois de recolhido nas pipas e quintos, consoante as quantidades, e de fermentar, pois só em Janeiro era mudado e embarricado para guardar.

Não sei se será este, de facto, o processo, pois há muito ando afastado dessas lides. Ainda me lembro de colher algum verdelho das parreiras que escaparam ao “Oidium Tuchery” ou filoxera que apareceu no ano de 1852, na freguesia das Bandeiras e se propagou por toda a ilha.

Hoje, nem existe e o verdelho que se fabrica já não é produzido pelas parreiras que Frei Pedro Gigante trouxe para a ilha e plantou num espaço que arroteou na Silveira, vedado por silvas que deu origem ao toponímico actual: Silveira, subúrbio da antiga freguesia da Santíssima Trindade, erradamente hoje cognominada de Lajes do Pico, quando este topónimo só designava a vila, sede da freguesia e do concelho. Anomalia que a ignorância de alguns ou a maldade tornou realidade.

Ainda hoje, há zonas na ilha que são verdadeiros lugares de veraneio e não só. A Manhenha vai deixando de ser lugar de adegas para constituir um subúrbio habitacional da freguesia da Piedade, tal como a Engrade, Cais do Galego e Calhau. E o mesmo da Baixa da Ribeirinha. Na Silveira desapareceram, praticamente, as adegas e hoje só encontramos residências vistosas e acolhedoras. E o mesmo nas freguesias do Norte da Ilha: Cachorro, Santa Luzia, Prainha, Santo Amaro e outros mais. Afinal um cem número de lugares, junto das costas, que oferecem na época estival, tempo ameno e panoramas vistosos e onde apetece estar, mesmo que não haja vinhas para vindimar.

Era nas adegas que os picoenses se fixavam ao terminar do verão para fazer as vindimas. E que trabalhosas eram. Os campos de vinha ocupava grandes extensões e o vinho constituía a principal riqueza da ilha. Ernesto Rebelo nas suas Notas Faialenses , escreve, acerca do vinho do Pico: “Dizem que foi um padre, Frei Pedro Gigante, que há muitos anos introduziu no Pico, nos terrenos mais próprios para semelhante cultura, alguns bacelos de vinha proveniente da ilha Madeira. – Este padre foi, efectivamente, um  gigante no nome e na ideia, um filosofo às direitas(!).

No ano de 1658, houve tanto vinho no Pico e em S, Jorge que se “averiguou que deu a Ilha do Pico quase quarenta mil pipas e se houvesse aproveitado toda a novidade o que se não fez por falta de piparias, excedia com vantagem.”(2)

Mas não vou continuar pois o espaço reservado a esta Nota mais não permite.

  1. Arquivo dos Açores, Vol.VII, pág.65 e seg.s
  2.  Fénix Angrense, 2º Vol. pág. 368.

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